Alienação - recitado-

Data 10/06/2015 05:17:05 | Tópico: Poemas



Ao jantar,
toalha richelieu
aberto
sobre azul viana,
Porcelana
com flores azul deserto,
talheres plaquê
de prata,
cristais
("Bohemia" lapidados)
e gotas lacrimais.

Brindo a sós e repito:
"A nós!"

Ao luar
que trespassa,
a vidraça
e a cortina de seda,
recrio o teu odor (natural)
como vereda
(cerebral)
para suprimir
o meu vício, de amor

Deito-me ,
no teu lado da cama
e, moldado
(pela água morna do colchão)
meu corpo clama
com satisfação
este falso abraço
de madrugada

Preencho o teu espaço
com almofadas
e deleito-me
a ver-te no silêncio da tua ausência
sentindo a tua (imaginada)
respiração
e a minha
total carência.

Assim,
nesta vivência de alienação,
semeio durante toda a madrugada
loucura com beijos e sonhos de paixão
que deixo na tua (fria) almofada
na procura e colheita de nada!

Acordo então deste desvario
com frustração e dissabor
que este amor,
tão doentio,
é mera saudade, desilusão e
dor!

Manufernandes


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