Dê-me, soberana Calíope, a antiga coragem para lutar contra os novos Minotauros que revivem nos novos homens velhos. Dê-me a antiga ânsia por justiça e afaste-me dos doces caminhos do lirismo arrebatado. É tempo, Musa! Pois, eis que os dragões já não nos permitem sonhar. Refaça as minhas penas e tintas, pois eis que novos tiranos roubam as cenas e os pobres devotos. Dê-me, Ninfa, a verve de antes, ainda que por breves instantes, pois urge enfrentar a besta-fera que assalta os caminhantes e assombra todos os caminhos. Dê-me, Tágide, o ímpeto de Aquiles e a trágica precisão de Eurípedes, pois eis que rondam os cenários, as maldades consorciadas e as harpias das ilusões devastadas. Dê-me, Musa, o gosto antigo e a antiga crença de esperar no verso a redenção do universo.
E, por fim, dai-me Calíope o negro Canto etíope!
Homenagem pouca ao amigo querido e grande poeta africano Mpiosso-ye-Kongo.
Lettre la Art et la Culture
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