Périplo

Data 17/06/2015 22:30:22 | Tópico: Poemas

Uma lágrima correu
na face da solidão
uma esperança se perdeu
no galopar de um coração.

E há um canto no sangue
há um silêncio na voz
há um grito cortante
no mais fundo de nós.

E o que fica de chorar
é loucura que não somos
é não ter o que entregar
à demência do que fomos.

E é mentira ter piedade
há um tempo para o corpo
da Morte à Eternidade
vai a pausa de estar morto.

Há em nós silêncios de água
há vulcões em noites breves
há palavras cor de mágoas
que o destino nos escreve.

Nossos olhos debruados
demarcados na lonjura
são dois campos macerados
de uma trágica planura.

A hora passa devagar,
vazia, despojada,
e passa longa, a chorar,
numa ultima jornada.

Somos praia ao Luar
terra ferida sem nortada
vai-se o sonho de sonhar
fica a triste madrugada.

Mas um dia voltaremos
ao cais d'onde partimos
será aí que nos esquecemos
da mania de existirmos.


Ricardo Maria Louro
Em Lisboa



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