
Um fio sibilino de perfume
Data 18/06/2015 20:58:56 | Tópico: Poemas -> Reflexão
| do que eu gostava mesmo era de ter aquelas certezas que vejo a passearem-se pelas incertezas de outros nunca consegui ser definitivo mas creio saber colocar os pontos finais no sítio certo das frases para depois respirar de peito aberto e sentir a força que a cor das rosas me dá
do que eu gostava mesmo era de ter aquelas certezas que a ignorância refina as certezas lavadas pela água das doutrinas pelos pios baptismos sem graça que não lavam desgraça nenhuma
e dizem-me que por não ter certezas não há nada em que possa acreditar
e eu que acredito nas dúvidas que tenho eu que não somo conjecturas para fazer factos que nem dou por certas as minhas incertezas duvido das dúvidas que tenho e como a negação da negação é a certeza afirmada digo que a culpa de tudo é da palavra porque sem ela em silêncio eu diria tudo
e não diria nada
do que eu gostava mesmo era de ter um canto onde pudesse estar com aquilo em que acredito com as luzes apagadas e um fio sibilino de perfume caindo
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