não te vejo há dias

Data 21/06/2015 18:45:20 | Tópico: Poemas





Não te vejo há dias.
Esperava-te sobre a mesa a jarra com flores.
O chá de jasmim.
O fim de dia no pátio.O canto do melro.

Escrevo-te, enquanto a luz vigia a mão.
Entre o rebuçar das lágrimas no vestido e
o gemido traçado a ópio.
Assomo as tuas fotografias.

Dançávamos sob o esboço da magnólia
com as bocas coladas entre a sua sombra,
no enlace das mãos e sob o colo espreitante.

Lembraste?
Partilhávamos as cicatrizes dos dias.
As errâncias do percurso.
As trovoadas afloradas no peito.
A intimidade da pele.

Se não chegares pela lua
claro, o branco das magnólias
iluminará a prece da mão solitária
entre os sulcos íntimos sob as rendas

tomarei a tua imagem como incêndio
para recortar o meu desejo nos dias
em que te não vejo.








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