Foz
Data 23/06/2015 06:33:17 | Tópico: Poemas -> Amor
| Foz (Meus Braços, Tua Foz) Caminhamos, de mãos dadas, pela margem sinuosa do rio, submersos pela vegetação densa na escarpa do monte. Pousas o rosto em meu peito e ofertas-me os teus lábios sedentos de meus beijos ávidos do teu sabor de mel.
Nossos corpos alvos e desnudos se enlaçam, se tocam, se excitam... Nossos braços se acorrentam negando a libertação do momento. Nossos olhos se cerram ao encanto do canto dos pássaros e às cores da paisagem e ao murmúrio do rio.
Tudo existe, mas nada nos perturba...
E ruímos no leito, de pedra e areia, húmido da manhã de orvalhadas. Enciúmo teus lábios, beijando-te a face, as mãos, os seios, o ventre, as coxas em convulsão, as costas, forçando-os a gemer de prazer.
Minhas mãos tacteiam a escultura de teu corpo em lava eruptiva. O tempo segue o seu rumo imparável, mas nós temos todo este momento de esquecimento; só a doação de ambos marca os ritmos orgânicos essenciais.
Rolamos no leito duro, insensíveis à dor, imergimos na água gélida e vogamos na forte corrente das cascatas rugindo, seguimos a nupcialidade de outro leito.
No repouso, sobre meu dorso lanças odorosas flores silvestres em chuva, e deitas-te leve numa invertida junção; sou teu leito que te envolve acariciador!
E a natureza nos apela, gentil, aos tesouros que encerra e lança-nos na descoberta de outros leitos de amor.
E numa lagoa mais distante, meus braços, amor, são a tua foz. Vem célere, minha ninfa amada! Lisboa, 22/06/2015
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