Hárpia

Data 27/06/2015 10:59:37 | Tópico: Poemas -> Surrealistas

Hárpia

Eras a mulher sedutora,
Sensual, arrebatadora,
De mim, esvaído de vida,
Qual paixão - obsessão - perdida,
Nessas melodias eternas,
Tão suaves, doces, tão ternas.
Eras mulher satisfação,
Amante de pura paixão,
Montada em escravo dorso.
Amesquinhado de remorso

Jazo perante ti, raptora
Homenageando-te, senhora.
Pobre espírito meu morto
Sem eira, nem beira, sem porto…
Harpia eterna viciosa,
Cruel tirana. Desditosa.
De cantos de maldição
Distorcidos, vis de traição.

E se vida ouso, grasnidos!
Se correntes quebro, bramidos!
Se imploro, lancinantes lamentos!
Se fujo, lanças excrementos!
Tombo, pelo peso, doente,
Danças, sobre o corpo jazente.

E a ti, harpias se juntam,
E meus sentidos defuntam,
Se lançam voos rapinantes,
Aladas, posições rampantes,
Sobre quem ouse socorro…
Não meu anjo! Não vivo… Morro!

Hárpias

Representadas ora como mulheres sedutoras, ora como horríveis monstros, as Harpias traduzem as paixões obsessivas bem como o remorso que se segue a sua satisfação.
Na mitologia grega, as Harpias (do grego hárpyia, "arrebatadora") eram filhas de Taumas e Electra e, portanto, anteriores aos olímpicos. Procuravam sempre raptar o corpo dos mortos, para usufruir de seu amor.
Por isso, aparecem sempre representadas nos túmulos, como se estivessem à espera do morto, sobretudo quando jovem, para arrebatá-lo.
Parcelas diabólicas das energias cósmicas, representam a provocação dos vícios e das maldades, e só podem ser afugentadas pelo sopro do espírito. A princípio duas - Aelo (a borrasca) e Ocípite (a rápida no vôo) - passaram depois a três com Celeno (a obscura).
O mito principal das Harpias relaciona-se ao rei da Trácia, Fineu, sobre quem pesava a seguinte maldição: tudo que fosse colocado a sua frente, sobretudo iguarias, seria carregado pelas Harpias, que inutilizavam com seus excrementos o que não pudessem carregar.
Perseguidas pelos argonautas, a pedido de Fineu, obtiveram em troca da vida a promessa de não mais atormentá-lo. A partir de então, refugiaram-se numa caverna da ilha de Creta.



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