Obsessão do Poeta
Data 17/07/2015 11:17:37 | Tópico: Poemas -> Reflexão
| Obsessão do Poeta Meus olhos jamais vertem lágrimas, Apenas, por eles perpassa a tristeza, De, ao longe, sentir o ruir eminente Do solífugo * ser imerso em saudade. Meus olhos tristes se solevam * frios, Para as montanhas do verde norte, Fugentes * dos vales de breu e áridos, Traindo-se no vazio desejo de voltar.
Obsessivos, negam-se das emotivas Tentações orquestradas de fantasias, Em danças e jograis que os cativam Nessa esperança de amores profanos. Derrotam-se na ferocidade da razão, Cerram-se, herméticos, a mil paixões, Visionárias de mil paraísos infinitos, De sagas de musa em cantos de amor.
E mais norte buscam, tão obsessivos, Que tudo em redor jaz nessa cegueira Dos mil esquecimentos premeditados, Furtando-se, vis, à beleza envolvente. Depressivos, buscam refúgio no alto, jurando jamais se volver ao encanto, quedos, expulsar tristezas inglórias, e partir… Partir sempre para o aquém. Lisboa, 17/07/2015.
* solífugo - lucífugo, nocturno; * solevar - solevantar, soerguer; * fugente - que foge;
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