Ofélia

Data 22/07/2015 14:30:58 | Tópico: Poemas -> Góticos





"Água gélida e profunda,
De incessante movimento se faz transtornada,
Tão límpida que só pode ser oriunda,
De uma nascente apaixonada!

Sentada à beira deste rio,
Com seus meigos pés tocando o frio,
Está uma donzela a suspirar...

Em suas mãos está viçosa rosa,
Cada amor perdido é uma pétala formosa,
Uma por uma nas águas começa a lançar!

A pálida virgem de olhar bonito,
Fica observando as pétalas navegando até o infinito!
E inocente vontade em seu peito está a se formar...
'Ora, por que não experimentar?'

Passo a passo nas profundezas ia desbravando,
De quão grande pranto estava quase desmaiando,
Até que o fundo já não mais consegue tocar...

Pare Ofélia! Não brinque de se afogar!
Não bebas destas águas,
Que inundam teu coração,
Com antigos sentimentos de paixão,
Que em tempos lhe fizeram delirar!

Após imperduráveis momentos a lutar,
Por um instante o sabiá parou,
E a lânguida virgem se aquietou...
Sobre a fina cristalina está a flutuar!

Vá com a mórbida correnteza,
Bela estátua de grande delicadeza!
Até que encontre seus amores aflito,
Lá bem longe, no infinito!"



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