O passageiro do tempo

Data 24/07/2015 20:37:37 | Tópico: Prosas Poéticas

O que preciso lapidar

eu sei

são pedras guardadas

brutas

lavradas atapetando

o corrimão do tempo

por onde deambulo pigmentando

os dias transladados de esperança


– Simplesmente outros virão

formoseando minha existência

desenhando em cada folha furtiva

decalcada na perenidade da vida

a partilha de nossas essências

coligadas assim

de forma revelada

tão serena, embargada

apelativa e sempre inconformada


– Noutro tempo

dividido em rimas instintivas

retribuirei cada palavra cheia de lamentos

num segundo quase dissimulado

percorrendo cada dócil meu intento

latente

esfomeado pela textura comediante

onde me reencontro

em recolhimento…apócrifo

mascarado por tantos equívocos

bargantes

empalidecidos pelas gargalhadas

travestidas na origem dos silêncios

transitórios, exuberantes

alimentando com artificio nossas vulnerabilidades

assim mais redundantes


– Há tantos dias que me busco

e encontro

somente sonhos empoeirados

meticulosamente endereçados

na imprevisibilidade do tempo

personificando cada roteiro do amor

onde a todos os instantes

matreiros e velados traficámos

ódios,

abraços

clandestinidades

até desaparecermos intrometidos

nesta vida passageira

repleta de tanta insanidade


– Aqui ficarei em acuidade

onde me rogo em perdões

cada dia

embebedando-me na tua sustentabilidade

por desatino já sem remédio

aonde até inócua é a liberdade

inscrevendo todas as amabilidades

em sedimentos de cumplicidade

num pouco de racionalidade

acossada na linearidade

do teu sorriso fantástico onde jaz

meu poema em ressacas de criatividade

FC



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