
BANQUETE POÉTICO
Data 29/07/2015 20:04:47 | Tópico: Prosas Poéticas
| - Abra o cardápio... Sirva-se! Que te apetece nessa nuvem de algodão? - A mim, enche-me de sonhos e ainda me sinto leve... Não basta. - E o que dizes dos ventos carregados de folhas de outono? - Nostálgico, mas também não satisfaz-me. É passageiro como o tempo. Todavia não pare, vamos, atice-me os outros sentidos. - Posso sugerir-te essa pétala, colhida em meu próprio jardim. - Maravilhosa, nunca senti maciez tão profunda. Acho que entendo agora d'onde vem a deliadeza das mulheres. Continue... - Não menos importante, ofereço-lhe esta estrela do mar. - Formas exuberantes, mas acho que prefiro a vivência das cousas. Saber que elas existem é mais importante que tocar sua inexistência. - Pois bem, senhor, que achas de beber esta água cristalina vinda das grutas? Mais viva e existente não conheço. - Estás certo, meu caro. Nunca houve nem haverá nada vivo que não contenha água. A água é a própria vida que escorre nos dedos, ou no corpo, e evapora para os céus. Não sou digno de tal divindade. - Ei de agradá-lo, meu senhor. Prove então o néctar do amor. - Nunca houvi falar em néctar do amor. - És uma bebida forte e suave, fresca e quente, doce e amarga, que limpa a nossa alma e cega os nossos olhos, que transborda com uma simples gota, que embreaga-nos e apaixona-nos enlouquecidamente, faz-nos plenos e nada em um só instante... prende-nos sem amarrar-nos os pés ou as mãos, é a liberdade de querer ficar, a calmaria e tormenta, força e fraqueza do homem, é o pedaço do outro em nós e nós no outro, é ter cede e nunca saciar. - Parece-me apetitoso. Sirva-me, sirva-me. Quero enormes porções. Esplendoroso será o efeito desse néctar em mim. Quero sentir-me satisfeito de amor.
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