" Porque tudo é uma questão de Tempo..." - O candeeiro (I)

Data 02/08/2015 16:06:25 | Tópico: Textos


Essa é a história de Angelique. Uma história que, com certeza, poderá se assemelhar a qualquer outra história que, n’algum dia, já tenhamos lido. No entanto, a diferença estará em Angelique. Na forma como essa personagem vai lidar com a vida, em diversas situações. Na forma como os seus olhos irão enxergar as pessoas e o mundo. Sempre haverá nessa personagem um toque de magia e encantamento. Um rastro de esperança e determinação. Veremos sempre....bom! O que os leitores irão ver ( e sentir nessa personagem) será mostrado pela própria Angelique. Fiquem ao lado dela...e aproveitem a viagem...!

O candeeiro (I)

Sempre soubera que a estrada daria em algum lugar. A luz tênue do candeeiro que carregava em mãos, teimava, por vezes, em apagar-se, dependendo da curva pela qual passava, pois o vento forte não arredava pé. Envolvia-a num frio tenebroso. Não a deixava ter a opção para avistar outra estrada alternativa ou quem sabe, por um milagre, vislumbrar a cidade mais próxima, na qual pudesse abrigar-se ou arranjar uma bebida quente, para acalorar seu corpo trêmulo e os dedos rígidos, endurecidos pelo gelo da caminhada. Mas de alguma forma, sempre soubera que a estrada que a arrastava, naquela noite fria e de açoites, daria em algum lugar.

Puxava o vestido longo, à altura das canelas, para livrar-se da umidade e da lama fétida que insistia em desbotar a antiga cor viva e avermelhada de suas vestes, agora já tão descoradas e puídas. Na outra mão, o candeeiro de cobre, enferrujado e envelhecido, que ia a frente, como um soldado fiel, tentando protege-la. Tentando mostrar-lhe a melhor opção do caminho (se é que havia uma melhor opção).

Angelique tentava desviar-se das folhas traiçoeiras e pesadas, que investiam contra o seu rosto, devido à impetuosidade dos ventos, mas a dificuldade entre segurar o vestido para não tropeçar e manter o candeeiro a sua frente, deixavam-na impossibilitada para livrar-se delas. Seu rosto embranquecido e encharcado apresentava cortes, que sangravam um pouco, mas graças a Providência Divina, com certeza, eles não deixariam marcas. Talvez, as únicas marcas que Angelique poderia ter, seriam as marcas da alma. O tempo se encarregaria de apaga-las. E disso, ela também sabia. E confiava.

Nesse momento, as únicas ferramentas com as quais Angelique contava eram as da lança da esperança e a do fogo da persistência. E se essas eram as únicas, seria nelas que Angelique se apoiaria. Isso ela já havia decidido. E decisão tomada é decisão acertada. E ela tinha também, o seu inseparável candeeiro.

(continua...)



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