
Recordo-te, amigo...
Data 06/08/2015 14:04:02 | Tópico: Poemas -> Relacionamentos
| Que caminhos trilhas tu, amigo que ventos te sopram sem parar, por que te apoquenta o sol, qual a razão pró luar já não te acalmar e te deixar assim tão perdido?
Amigo, escuta-me e fala comigo… Ou será que já não és meu amigo e caíste na fossa da maledicência?
Lembras-te daqueles tempos em que nos fins de tarde, nos juntávamos com outros amigos e conversávamos descontraídos numa fantástica harmonia… Falávamos de tudo e de nada, não interessava o assunto, o que contava era o convívio, onde, da amizade brotavam palavras de respeito, mesmo que os assuntos fossem divergentes!
Recordas-te, quando eu não concordava contigo e tantas vezes isso acontecia, e discutíamos… Discutíamos acaloradamente quase nos zangávamos! Mas no final… No final, cada um caminhava para o seu destino, após algumas discórdias mais exaltadas ou conversas amenas, onde imperavam os sorrisos parceiros ou de boas gargalhadas pelas palhaçadas dos muitos e brejeiros disparates que dizíamos… Será amigo, que ainda te lembras, que sempre nos despedíamos com um abraço?
E agora amigo, o que se passa? Já não te vejo sorrir, muito menos gargalhar, quando por mim passas, finges não me ver… Perguntei-te se eu dissera algo que te fizesse zangar, respondeste com ar culposo, que não… que estava tudo bem… Mas eu sei que não está! E sabes, amigo… (se calhar não te posso mais chamar assim) eu desconfio de que te nasceu no coração, erva daninha da intriga, daquelas ocultas e cobardes da traição, vindas de outros supostos amigos que se juntavam a nós, (como joio entre o trigo) na mesma alegria e partilha naqueles nossos encontros antigos!
Ouve-me com atenção, amigo... …Ah…desculpa, agora creio, já não seres amigo, Chamar-te-ei de ex-amigo, Não! Vou chamar-te com alguma tristeza, admito: Um Fraco! Sim…és um fraco, de carácter volátil Por que não me quiseste ouvir e preferiste escutar as vozes da hipocrisia!
Tenho pena de ti, lastimo, ex-amigo, que tenhas sido levado na corrente da tua fraqueza e te tenhas afundado nas águas falsas dos sorrisos e ignorasses nossos abraços, que pareciam ter a certeza de que a nossa amizade podia ter a força da eternidade pelo prazer dos “fins de tarde”, se optasses pela verdade.
José Carlos Moutinho
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