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 Q U A N D O
 
 
 
 Quando já não interiorizares naquele ritmo de outrora
 Aquele vigor, aquele ímpeto que tudo arrasa e devora...
 
 Quando a tua voz já não tiver aquele vigoroso urro
 
 E soar desalentada num fraco e débil sussurro...
 
 Quando tudo à tua volta for apenas solidão
 
 Mesmo quando em são convívio com uma leda multidão...
 
 Quando o pungente desespero vier bater à tua porta
 
 E a vontade de lutar tombar vazia e morta...
 
 
 
 Não desanimes ainda!
 
 Faz um esforço... e a tua obra finda!
 
 
 
 Quando no teu baço horizonte de horas não dormidas
 
 Só achares nuvens densas... grandes... enegrecidas...
 
 Quando as derrotas para ti já não motivarem vitórias
 
 E nem te inspirarem já altos feitos, excelsas glórias...
 
 Quando inexoravelmente se forem naufragando
 
 Os pilares das vontades que ias afagando...
 
 Quando for grande, nobre e justa a causa que defendes
 
 E o mundo inteiro ajuizar que ela é falsa e que tu mentes...
 
 
 
 Não desesperes ainda!
 
 Faz mais um esforço... e a tua obra finda!
 
 
 
 Quando o teu sono for apenas uma insónia disfarçada
 
 E os teus sonhos pesadelos de uma vida destroçada...
 
 Quando os mais fiéis amigos as costas te oferecerem
 
 E todos os teus sonhos e desejos perecerem...
 
 Quando sentires que a vida só é desenganos e dores
 
 E que a sociedade em que vives é uma negação de valores...
 
 
 
 Não sucumbas ainda!
 
 Reúne um último esforço... e a tua obra finda!
 
 
 
 E atenção! Nunca dês a luta por perdida;
 
 Pondera; uma MULHER decidida
 
 Ou um verdadeiro HOMEM
 
 Não têm derrotas que os domem;
 
 Eles lutam; e uma nova obra é definida,
 
 Amadurece... toma corpo... ganha vida...
 
 E outra... e mais outra... e outra ainda...
 
 Numa sucessão que só a morte finda.
 
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