Mundo de Dentro

Data 17/02/2008 12:06:42 | Tópico: Prosas Poéticas



Percorrem-me palavras secas, enquanto destilo incongruências como se delas pudesse eu fugir.
Só me apetece deitá-las em fossos de inutilidade obrigatórias e escapar.

E neste rasto de espantos arrasto-me, tal ser rastejante.

Serei eu apenas verme de estupefacção sentimental?
Serei eu apenas vegetal? ao sentir meus poros inundados de texturas e cheiros que brotam em cada palavra
Tu sabes? Eu não!

Sim, essas mesmas palavras que correm por rios de som, e quem passa ri, porque as deixei passar, não as bebi.
Agarrei o nada.
Nada!

Hoje, percebo que sou gémea de um rio vestido de sede
não tenho nascente nem sequer um pequeno jardim de Inverno interior, onde possa beber de uma fonte petrificada.
Se ao menos eu pudesse regar de olhares e semear de cheiros as pedras rubras,com as palavras que se estendem diante de mim.
Se eu ao menos pudesse fechar os olhos lentamente e conseguisse antecipar na palma da minha mão direita o nascer da “Supernova” das palavras.

Alguma coisa faria sentido? Alguma coisa faz sentido?

Qual o sentido desta sede insaciável que se amontoa diante a minha alma desidratada de espantos, enquanto o Mundo de Dentro fica em espera, adiando-se sempre, sempre…



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