Gotas de Mel (desafio de Núria)

Data 17/02/2008 18:12:35 | Tópico: Sonetos

Das pastagens, das clareiras descende lata a luz
donde vozeiam soluços crespos. Eis os poemas,
rua escura, d’ asfalto parco. Erguesse e já reluz
o povo cego, em esquizofrenias afãs de fonemas

na seiva andaluza dos silêncios! Bordo lençóis
a horas altas, no ponto sombra, no ponto baixo,
Gotas de Mel, com que m’empato - frugais anzóis -,
na indagação do cherne que s’assevera cabisbaixo.

Na vigilância dos sigilos confio-te agora, medos,
dedos, vontades maiores. Sou tua amada, se rezo
o terço; Sou tua, se me revelo ampla de segredos

e já me tomas, e já me clamas, criatura raiz de mim.
E das pastagens sorvo o verde do instante revezo
e t'ofereço, vitelina, meu regaço, multidão sem fim.



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