
Sem refúgio...
Data 04/09/2015 14:27:38 | Tópico: Poemas -> Dedicatória
| Mais que a metade decifrável de mim apenas subsistem nas recordações um puro e ímpio silêncio E quedo-me em cada eco ou grito fremente que nos assedia de medos e suplícios que hoje vivêncio Apetece-me só prantear desatando todos os nós que te acorrentam além do mar tão distante pra onde corres tão compulsivamente E quando desembarcas outros ficam afogados em ténues esperanças que agora terminam sem mais refúgios sem mais subterfúgios Nem sei mais se vou compilar em poesia as dores e devaneios que sinto afrontarem todos os teus inquietantes gritos de aceitação deixando só sem remissão tua dor num cálice de pêsames e um travo amargo com sabor a morte sem mais absolvição Não quero mais subir no degrau onde ascendo e encontro todos os enígmas da vida Não quero usar cada derrota como lágrima frágil onde as existências implacáveis correm inseguras apátridas esguias, por entre o sopro da morte que se avizinha de forma tão inexorável Hoje proíbo-me de rir e contenho qualquer felicidade que me envolva só pra contigo migrar neste destino implacável que de ti de apodera de forma tão insuportável Hoje possivelmente nem mais tuas lágrimas me acudirão pois contigo seguirei morrendo e implodindo vertiginosamente pra um destino qualquer ao largo de todo o mar onde migramos prá vida afogando-nos em qualquer refúgio eterno…sossegadamente Hoje nem pedirei às palavras que rimem fingindo pacificar cada verso onde amarroto minhas tristezas e conjecturas Hoje estou em fuga desertei e sei-o nem sei pra lugar nenhum tenho simplesmente esta dor tão visceral onde me esqueço até do mundo prenhe com suas tamanhas insanidades Hoje migro contigo sem demora, nem endereço perdi-me algures numa gaveta do tempo onde tranquei pra sempre os nossos sofrimentos os nossos desapontamentos perdidos nesta fracassada democracia mergulhada no mar de todos os lamentos… FC – aos migrantes
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