Vida

Data 05/09/2015 20:20:31 | Tópico: Poemas -> Amor

Escrevo
Para libertar a energia,
Que é demais para este corpo
Pequeno e imperfeito
Que tem medo de explodir.

Sangro
Nas palavras que escrevo,
As feridas que sarei
E também as outras
Que ainda não sei
Mas que também tenho.

Morro
Nos amores que invento
Que foram meus e teus
Reais como a chuva que cai
Nos pedaços de cristais
Que parti
E que pisei.

Deambulo
Entre versos e rimas
Esparsas e diversas
Construindo um mundo
Que é só meu
Porque ninguém
Sabe compreender
Uma alma errante
Que busca tão pouco
Como um amor simples
E não dilacerante.

Renasço
Em cada amanhecer
De um poema gasto
Em súplicas incompreendidas
De esperanças moribundas
Que por serem (des)complicadas
São logo condenadas à nascença
Pelas tradições mortas
De tão enraizadas.

Sobrevivo
Na praia da minha alma
Agarrada à minha bóia de valores
Que centenas de ondas
Quiseram destruir (e moldar!)
À sua imagem de soneto prisioneiro
Em cânticos líricos e eternos
De mentiras creditadas
Como unas e verdadeiras.

Vivo
Na dualidade do existir
Com a Poesia
Com o pão e a fantasia
Como alimento real
De um coração aberto
Ao Amor Universal
Que muitos quiseram fechar
Engolindo a própria chave
(como se ela fora eu)
Enterrando-a junto
Com champanhe e caviar
Em mármore italiano,
Enquanto eu,
Eu só queria amar
Na areia beijada
Pelo Grande Senhor Mar.




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