
ÓBITO: OVERDOSE
Data 18/02/2008 02:41:19 | Tópico: Poemas -> Sociais
| <br />Victor Jerónimo Portugal/Brasil Era um menino de boas famílias, Daquelas que têm quase tudo na vida, Este quase, subentende que algo falta, Faltava o amor e carinho nos corações, Para eles o dinheiro era tudo e com ele Tinham o poder e até o amor comprado. O pai viajava muito, por muitos países A mãe sentia-se só e viajava também, O filho esse ficava entregue aos avós Os únicos que com desvelo e carinho Tão bem sabiam cuidar do seu neto, Apaparicando-o, amando-o, acarinhando-o. Mas a vida é muitas vezes madrasta, Esta não contempla os designios humanos E eis que doença fatal acomete a avó, Esta se foi num dia cheio dos raios do sol, O avô coitado ficou tão só e sem vigor Que um dia pôs termo à sua vida. Coitado do neto, que nasceu sem culpa Fica só, entregue a uma ama de companhia Que só roubava o que naquela casa havia. E o menino esse crescia a cada dia sem amparo Sem o carinho devido a tão tenra idade Crescia assim num desamparo moral.
Eis então que, decisão das decisões dos pais Vão de pôr o menino num colegio interno, Daqueles de onde nunca se sai, como uma prisão. Prisão doirada é certo pois o dinheiro tudo pode Mas de onde nunca se sai nem em excursão Numa pena a ser cumprida por um inocente. Pena que este paga na terra pelo pecado Dos pais, que viajam cada um em sua terra. Bons hoteis, bons amantes e tudo o mais Enquanto o filho esse, definha na prisão doirada Sem amor, sem carinho e sem sequer ilusões Dia a dia cresce aquela criança, assim sem culpa. Visitas tinha-as dos pais, sempre desencontrados Porque a direção avisou: “Vosso menino não pode mais Ele precisa de vós do vosso carinho e amor Porque senão vai ser um ser humano de dor Ou pior ainda um revoltado para com a sociedade Daqueles que só na morte descansarão”. Pais desnaturados e sem amor próprio Que seguiam uma vida sem lar nem norte, Lá tinham que se sacrificar e visitar o filho “Menino venha comigo, vamos de férias Vamos conhecer outros países e gentes Temos hotel de luxo, piscinas e iates”. O menino ansiou pelo mundo e pela vida Iria viajar com a sua mamãe querida Conhecer o que este nunca tinha visto Enfim, sentir o poder e força do dinheiro Pois tinha sido essa a sua grande educação E preparação para a vida, mesmo que madrasta. E foi naquelas férias que o seu destino foi traçado Naquele hotel de cinco estrelas pleno de luxos. Mamãe coitada não tinha tempo para ele E este ficou entregue aos filhos dos amigos, Filhos estes que já há muito tinham suas vidas Marcadas no ferro e fogo do consumo das drogas. E o menino, aí entrou pela porta grande Com a pompa e circunstância devidas Aí a provou e sentiu o seu prazer, Devorando suas entranhas e sentidos Que lhe toldava a vida e o fazia esquecer Em noites de orgias regadas a drogas. Muitos anos se passaram e o menino Fez-se homem, homem que continuou sem rumo Sem carinho ou amor dos pais agora separados, Frequentou clinicas de desintoxicação Roubou para matar o vicio e esteve na prisão Dia a dia definhamdo cada vez mais e mais. Seus sonhos eram diferentes dos nossos Queria deixar aquele vicio que o corroía Queria ser normal, ver o sol e lua Queria encontrar o amor ou apenas a amizade Até que um dia seu corpo cedeu à doença E este num misto de medo terminou consigo. Óbito: Overdose Coitado, mais um que terminou seus dias Escolhendo o caminho mais fácil Porém o mais cruel, que um jovem Na flor da vida tem que escolher Por falta de amor e carinho. 30.Set.2005
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