O camelo que declama poesias no zoológico de Recife
Data 11/09/2015 20:24:42 | Tópico: Poemas
| O poeta quando escreve seu trabalho inspirado faz a narração dos fatos naquilo que é versado E quem o seu verso lê começa a pensar o que não tinha ainda pensado
Pra ter esse resultado cada um versejador busca sempre traduzir no que escreve o teor das coisas que observa ou daquilo que conserva da essência interior
Ele mostra ao leitor no estilo escolhido o relato mais fiel do que tem acontecido Faz um estudo diverso e no espelho do verso como fica refletido
Depois de estabelecido o que contar na escrita ele vê o resultado mas também vê a desdita Por sua verve notória o leitor na sua história às vezes não acredita
Mesmo a notícia bonita de um camelo poeta que declama poesias e nunca se aquieta Se exibe com requinte e que tem como ouvinte uma platéia seleta
Essa história completa começou lá no deserto o lugar de nascimento desse animal esperto Com montaria ou carga na sua passada larga o longe ficava perto
Ele trabalhou por certo antes de envelhecido Quando findou sua força chegou no Brasil vendido pra mostrar um certo dia o encanto da poesia ao país que foi trazido
Estava sendo exibido como a nova atração de um parque em Recife que tem até tubarão Mas por força do talento começou em um momento a fazer declamação
Causou admiração Foi assunto da imprensa Muita gente desmaiou A balbúrdia foi intensa Foi enredo de novela Porque coisa como aquela não se imagina ou pensa
A manchete foi extensa nas tevês e nos jornais O parque lhe concedeu cuidados especiais Virou a grande atração Ganhava mais atenção que os outros animais
Mostrando cada vez mais o seu dom de declamar de várias parte do mundo começaram a chegar cientistas renomados que estavam determinados a seu caso estudar
E pegaram a olhar tudo que ele fazia Mas dos outros animais ele não se distinguia Era igual a qualquer um só tendo por incomum o declamar poesia
Mesmo sua anatomia em nada era diferente Ele tinha dois calombos na parte correspondente Como um camelo faz Erguia as patas detrás e às vezes as da frente
Sentia sede somente no final de oito dias quando as duas corcovas já estavam bem vazias Porém no final da tarde até com certo alarde declamava as poesias
Conquistando simpatias versava o declamador: - No desejo de viver a força do meu amor caminhando junto ao mar e ausente em teu pensar sem querer canto de dor...
O camelo glosador era o assunto principal do povo e autoridades do interior à capital: - Os poetas sem apelo vão levar esse camelo pra recitar em sarau?
- Será eleito imortal de alguma academia? - Será que tem jacaré, tanajura, cotovia, preguiça, teju, sagüi, paca, onça e jabuti declamando poesia?
- Inda quero ter um dia fazendo a declamação na minha casa um camelo com aquela inspiração Em casa só tenho ouvido papagaio e marido que só falam palavrão!
- Eu quero ver a questão dos direitos autorais Se os versos publicados nos termos contratuais vão dar exclusividade ou pagar à sociedade que protege os animais
- Não subestimo jamais um camelo literato Porém tendo oratória se quiser ser candidato em alguma eleição vai ter boa votação e garantir o mandato
Esse camelo de fato foi assunto na cidade Mas o prestígio perdeu que passou a novidade Somente na academia onde estudam poesia mantém a notoriedade
Quem tiver curiosidade precisa ao Recife ir e no Parque Dois Irmãos o camelo vai ouvir Ao leitor eu agradeço Dei até o endereço pra ninguém me desmentir
Fim
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