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 EU E OS OUTROSData 15/09/2015 22:09:14 | Tópico: Poemas
 
 |  | EU E OS OUTROS Dentro de mim mora a revolta
 Alquebrado o corpo
 Petrificada a alma
 Sinto fome e sede
 Não a sede da água
 Nem do corpo a fome
 Mas a tristeza que de infinita
 Me estorva de ser quem sou
 Ciente da minha identidade.
 No Mediterrâneo morre-se
 Na incapacidade das barcaças
 Os pais vêem os filhos
 Afundarem-se nas águas
 Acenando-lhes para a eternidade.
 Não há lágrimas que traduzam
 Tão atroz sofrer.
 Qual Diógenes num desespero
 E no máximo da lanterna
 Busco a culpa, quem a têm?
 Sinto-me pobre para uma resposta
 Incapaz, impotente
 Quero dizer mais e tão só
 Que o que fervilha em mim
 É algo a que nem quero chamar ódio.
 Mas é esse quase o que cotejo
 Quando penso que no homem
 Está muita da resposta
 Feita de uma sensibilidade
 Que não foi ainda capaz de empunhar,
 Sem discernimento para ver que o outro
 Há-de ser sempre um igual a si,
 
 Luciusantonius
 
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