Sonhos interrompidos!

Data 22/09/2015 11:56:05 | Tópico: Poemas

Desculpas balbuciadas eram as dela
que lhe trazia todos os dias.
E os dias eram cheios de nada
desde que ele tinha optado em desacertar os relógios.
Todos!
Os de pulso, da parede, da cómoda
do quarto, que já não era dela
por ter deixado de querer
porque seu corpo,
tinha encontrado outro porto.

Hoje,
vivem os dois literalmente fora.
Ela fora dele, Ele fora dela, por aceitação.
Não existia outra forma se não aceitar que Ela tinha ido embora,
talvez para nunca mais voltar.

Ele recordava vivamente
o tempo em que ela ostentava os melhores tesouros dele.
A generosidade era a sua melhor virtude.
Mas a meiguice e doçura destacavam-se a olhos vistos,
mesmo que Ela fizesse questão de mostrar a todos,
o quanto Ele a tratava bem, o quanto Ele a acarinhava
com a sua característica particular, a ternura em Ser.
Mas surgiu um silêncio.
E tudo se despiu nesse silêncio.
Inexplicável e incompreendido, mas brutalmente real.

Na cabeça dele surgiram uma multidão de vozes,
perguntas infinitas com respostas incompletas
mas repletas de dor, confusão e medo.
Permaneceu obcecado durante um período de tempo.
Lugar cego da consciência.

Sentiu-se morto.
Continuamente morto, apenas pestanejando
não fosse alguém aparecer no escuro.
Mas ninguém apareceu.
Apenas Ele, que começou a ver-se de fora para dentro
e Não Gostou!
Como poderia sentir-se assim, com tanta pena de si
e nada fazer?!

Era tempo de ser capaz de melhor,
era tempo de avistar a luz ao fundo, a pulsar como um farol.
Era tempo de renascer. De deixar de estar suspenso,
apagado, inerte e não se amar o suficiente
para gritar pela sua vida!
Acordou!...assim como o seu coração,
que se encontrava domesticado por sonhos interrompidos,
começou a bater fortemente.
Por sua iniciativa,
Inverteu-se
e Concentrou-se na sua Felicidade em Ser,
na sua total essência.

Ela agora, era apenas uma imagem como numa fotografia.
Uma memória.
Uma memória que falava sobretudo
daquilo que não existiu...

...era essa a fotografia...que Ele finalmente esqueceu!



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