ARCÁDIA ULTRAMARINA - locus horrendus

Data 06/10/2015 22:30:47 | Tópico: Sonetos

ARCÁDIA ULTRAMARINA - locus horrendus
para Manoel Maria Barbosa du Bocage, o Elmano

Queria não ser tão mórbido poeta.
Tradutor da dor... Traidor da vida...
A ver as coisas já de despedida
Para d’isso extrair uma frase abjeta.

Queria não ser outro vil sem meta,
Cuja história, já há tempos esquecida,
Houve, há e haverá como se nunca havida,
Feito obra que quedou incompleta.

Queria... Mas sou. Não, não sou nada!
À espera do terrífico... Ou melhor,
Local horrendo à escura encruzilhada.

A morte faz-se bela ao vago horror:
Abdico-me à ilusão da hora passada
Para, ao morrer, deixar já toda dor...

Betim - 12 12 1996



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