Exercício nº 14 - Balada das rotas alheias e chistes

Data 08/10/2015 13:29:17 | Tópico: Poemas

"... por longo tempo a noite tentava sair,
dos pesadelos e na dúvida se iria consumir haxixe...”

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- Exercício nº 14 - Balada das rotas alheias e chistes -






Através da alma triste fluem sôfregas,
meras rotas das areias e chistes,
nas mesmas ameias mancas plantas lôbregas,
penduradas de truz num pau de alcaçuz,
caem fora das longas calças laicas,
primórdios das librés de lacaios tristes,
separando zambros acordes de balalaicas
da ordinária zurrapa sumária de ossos nus.

Na correria fugaz sabe doce o remédio,
traziam carmins venenosos e charutos,
alagando de simpatia corações com tédio,
não tão resolutos, muito mais impolutos,
nos sinédrios com dois rolos de fumo.
Em geral no corredor espiral os auspícios,
em trajes de neve vestidos, eu presumo,
perambulam ledos no silêncio dos edifícios.

Nos lábios precoces como fosse obséquio,
por longo tempo a noite tentava sair,
dos pesadelos e na dúvida se iria consumir haxixe
depois de um cálice de absinto, sucinto elixir.
Lá onde queria apagar os vestígios, o patrício,
levantou colarinho da gandola em silêncio,
reduzindo o suplício do agente funerário,
preocupado com exercícios de natação do senhorio.

À meia-noite através do delgado orifício,
soou retumbado um gongo maçante,
repisado nas sombras do andar do hospício,
justo desígnio do quarto de hora fictício,
onde bailavam sem asas azaleias brancas,
em silêncio pesado do pasmado mulherio,
empenhadas contra carestia, fazendo pilhérias,
arremedos artificiais de Eros ora ineficiente.

É que lá havia dínamos motrizes sem esperanças,
sustentando chamas de lâmpadas derretidas
nos vapores sufocantes de incenso tremendo,
delicias queimando deleites numa bacia de lírios.



08102015
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