. é sempre a maré nestas coisas

Data 23/10/2015 03:52:34 | Tópico: Poemas

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No meio do poema havia um grão de areia
uma semente

e um fracasso feito de pelúcia
não encontrei a pedra de sal
nem as procelas que os homens
semeiam a estibordo
derramando o mundo
quando fogem estros

despojados das imagens
e do corpo que já não lhes pertence

imprecam então pelo silêncio
sem sentido
colapsos que açoitam
a retórica das cores
o derramamento do mundo
e da solidão afoita

Vejo este mar
horizontal
sem pausas

o desassossego regressa
quando a perfeição do teu voo
me toca
e envolve

é sempre a maré nestas
coisas
e um ciclone por perto
baloiçando os ventos.


¿serão os gritos dos homens apavorados
que sossegam as procelas
em alto mar
ou será a cor das cerejas maduras
que anuncia o fim do verão?
não te sei dizer




(Ricardo Pocinho)




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