Segunda Parte de DO OUTRO LADO DE UMA LENDA

Data 26/10/2015 17:33:38 | Tópico: Contos




Cont.

Procurara no livro de presença da biblioteca, mas nada encontrara sobre ela, nenhuma referência sobre a sua presença ali, todos os dias.

Lembra que a vira pela primeira vez algum tempo atrás. A data não lhe parecia importante, mas sabia que ela freqüentava a biblioteca todos os dias, às tardes. Sem faltar um dia sequer. Muito culta a tal moça, pensava, enquanto alisava as madeixas louras a lhe caírem sobre os ombros.

Muitas vezes, circulava pelo interior da Biblioteca para observá-la, discretamente. Ele tinha essa possibilidade, já que se tratava de funcionário efetivo e cuidar da "casa da cultura" em todos os seus quadrantes, era função sua, inclusive, saber quem eram os seus freqüentadores. Se bem que nos últimos tempos, notava que o gosto pela leitura havia diminuído e a freqüência a Biblioteca já não era a mesma de antes.

Talvez a ausência dos leitores se devesse àquele triste acontecimento que o envolvera, provocado pelo destempero de José Antunes, ao qual evitava pensar por causa da fissura que isso lhe causava...

Sorria, com certa vaidade ao pensar que Srta Morena Bonita, se parecia com ele, verdadeira “devoradora” de livros. Percebia que a leitura preferida da jovem se tratava de obras poéticas, alguns contos românticos, parnasianismo, ensaios e memórias...

Porém, em relação a ela, era tudo diferente. Sabe-se lá por qual sortilégio ele não conseguia se aproximar da moça, como sempre fizera com todos os freqüentadores da Biblioteca Municipal. Em anos de trabalho por ali, havia cultivado muitas amizades e conhecia praticamente quase todos os estudantes, pesquisadores e amantes dos livros. Assim como ele.

Cumprimentava e dirigia a todos palavras amáveis de boas vindas. Bons tempos. Mas, esse mesmo tempo, trouxera tantas mudanças, pensou magoado...

Naquela tarde, tomara uma decisão. Iria ao seu encontro na sala de leitura, romperia o “cordão de isolamento” que o impedia de se aproximar e puxaria conversa. Sabia por oficio que o silencio nessa sala de leitura, era lei, mas estava disposto a infringi-la por alguns minutos apenas.

Inseguro, coração aos saltos, pernas trêmulas. Era assim, que Oswaldo se sentia ante a porta de entrada da sala. Antes, verificara que não havia mais ninguém a dividir o mesmo recinto com a jovem, portanto, estaria a sós com ela . Mas, precisava se acalmar.


Maria Lucia (Centelha Luminosa)



Continuação da Terceira e Última Parte , na terça feira dia 27 de Outubro.



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