Soneto da face lívida

Data 27/10/2015 13:54:04 | Tópico: Sonetos


“ Travei da nuca ao pecador infesto
E disse: — “Ou perderás todo o cabelo,
Ou quem tu foste me declara presto!”
Mil vezes podes arrancar-me o pelo,
De ver-me a face não terás o gosto
E de saber qual foi meu nome e apelo”.

A Divina Comédia – Inferno – canto XXXII







Se algures trazia na frente a face livida,
não pergunte agora, nunca vai escrever!
Porque não se pode dizer tais palavras.
espantado, des-norteado, será possível

Não morreu contudo, não deixava de estar;
contanto ter pouco sopro de espírito nele;
estava quando fui como não gostaria de ser,
mas saber o ponto onde estava é muito pior,

Que espantou, de repente, explodiu a mente,
vê-lo tomando-lhe o crânio o sangue parecia,
antes, sobre os ombros como tinha os meios.

Que horror maior que essa braçada gigante,
agora inútil nas cristas conta todo o seu ser,
quando todas as suas partes se decompõem.



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=301093