Soneto dos bucos apartados

Data 28/10/2015 14:38:11 | Tópico: Sonetos

“ Como cada um se agita acelerado,
Com implacáveis unhas se mordendo,
De raivoso prurido atormentado.
Iam da pele as crostas abatendo,
Como a faca do sargo arranca a escama
Ou de peixe, na casca mais horrendo.”

A Divina Comédia – Inferno – Canto XXIX





De tosca a pele abjeta, mas você vê o bastão,
sob fileira de arcos cada, como eu vi o maior;
o vento a vencê-los, agitou em mesma direção,
a triturá-los! Dos mil pecados deles era o pior.

Olhos a quatro pares como as patas da tarântula,
de bocas, qual Cérbero, três queixos pingavam suor.
Como quebrantar um freio de não medrar plântula,
para quem vazou vil em três aberturas venerador.

Hoje parece mordendo bucos apartados do nada,
juntamente com a razão que deixou longe e vazia,
nos ombros a carga, qualquer queima sopesada.

Judas Escariotes com dinheiros de prata na boca,
vê-lo em pugnas totalmente silenciosas só enfastia,
por tudo que viu durante a caminhada, reles-mouca.







Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=301154