Soneto do escopo das fendas e luzes

Data 01/11/2015 09:58:35 | Tópico: Poemas

“ Gente, que de brilhante cor se pinta
Vemos, que a tardo passo em torno andava;
Chorava e em forças parecia extinta.
Capa e capuz trazia, que ocultava
Seus olhos, dessa forma de vestidos
De Colônia entre os monges mais se usava.”

A Divina Comédia – canto XXIII








No escopo das fendas mais profundas, e essas luzes;
fachos foram apontando aos olhos. Ah! Não os temo;
como por um só olho, um só dente, faces sob capuzes,
ver o tormento foi maior - para que venha o extremo.

E agora estar sob o horizonte qual implorar clemência,
no cume quase tocar os céus, a morte e vida do pecado,
quando a noite morre, raio de estrela abona a ciência,
a cair do firmamento; do cobarde semblante rotulado.

Ao redor de Satanás, apenas a vida bate num tronco,
acesso aleatório, como saudoso, postular ressurreição,
aquietar na sepultura, tal é lugar do espírito bronco.

Quiçá esses dias passem! Sem choque antes do degredo,
sem brilhos de olhos quais dos metais polidos do caixão;
o mesmo ardor... mesmo semblante....mas não há medo.







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