Meu rio Siriri - Lizaldo Vieira

Data 02/11/2015 02:11:40 | Tópico: Poemas

Meu rio é aqui- Lizaldo Vieira
Santo e sacrado
Eu quero aqui
Limpo e salvo
Revolto
Ou calmo
Assim desejo
Olhar o rio
Beber do rio
Cultivar frutos e flores
Plantar
Semear amor
Espantar a dor
A má sorte
Ser sol
Ter vida
E calor Lavar
Quarar e estender a roupa
Com agua pura
Deixar brilhando a louça
Quero bulir com a agua
Pular no poço
Vou pescar de anzol
Cutucar a toca com o jereré
Ser gente miúda
Viver a fonte sagrada
Sorrir c o espelho d’água
Buscar agua no pote
Ver o rio corrente
Com rumo
Prumo e norte
Um rio de um povo só
De quem nasceu por lá
Nas terras de quem veio banhar
Numa mata do lugar
Mata o cipó
Meu rio seu doutor
Já perdeu muito de sua agua
Da nasce até onde desagua
Vai sangrando tal qual veias furadas
Engolido por culturas malvadas
Dos canaviais
Ao açúcar e álcool
Enquanto pros nativos
Não sobra nada
Nem mesmo a água pra beber
Quero meu sagrado
Cheio de vida
Com aguas límpidas
Protegidas por ciliares conservadas
Mãe d’água
Da sereia
Há de tudo
Inclusive da hipocrisia
Santos do pau oco
E dos tiranos
Defender-nos


Eu quero
Assim desejo
Olhar o rio
Beber do rio
Cultivar frutos e flores
Plantar
Semear amor
Espantar a dor
A má sorte
Ser sol
Vida
E calor Lavar
Quarar
Estender a roupa
Velha e nova
Com agua pura
Regar a roça
Deixar brilhando a louça
Inda quero ser crinça
Cheia de esperança
Pra bulir com a agua
Pular no poço
Vou pescar de anzol
Cutucar a toca com o jereré
Ser gente miúda
Viver a fonte sagrada
Sorrir c o espelho d’água
Buscar agua no pote
Ver o rio corrente
Com rumo
Prumo e norte
Um rio de um povo só
De quem nasceu por lá
Nas terras de quem veio a banhar
Numa mata do meu lugar
Mata do cipó
Meu rio de gente simples
Seu doutor
Já perdeu muito de sua coragem
Tá secando
Da nasce até o desaguar
Tá sangrando
Tal qual veias furadas
Engolido por culturas malvadas
Por canaviais
Do açúcar e álcool
Enquanto pros nativos
Não sobra nada
Só a tristeza da poluição
Nem mesmo a boa água pra beber
Tá sobrando
Quero meu sagrado
Rio Siriri vivo
Cheio de vida
Com aguas límpidas
Protegidas por ciliares conservadas
Cantando para a rainha das águas
Mãe d’água doce
Mulher sereia
Há de tudo
Inclusive da hipocrisia
Dos santos do pau oco
E dos tiranos venenos do ar
Defender-nos
Aqui
E alem mar




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