
Tríptico: o fim da razão
Data 09/11/2015 11:49:15 | Tópico: Poemas
| I Crimes de sangue traçaram esta fronteira Que todos os mapas do mundo atestam E contudo nesta margem de rio Que aqui divide dois países já de si divididos Não vislumbro mais que o rico sol refletido Dos oblíquos raios chapados de junho Existem barcaças vogando, outros apetrechos com motor Atacam as águas lentas e isentas num ódio juvenil A espuma aparece, as pessoas olham das duas margens Murmuram na sua língua uma circunstancial inveja mal disfarçada O branco leitoso dissolve-se no azul que o céu corrobora Toda a mudança se esvai nesta natureza perturbada Contudo se abrires o mapa a fronteira ainda lá está…
II Aquela pintura é mais que uma fotografia Matizes pessoais fazem uma espetacular diferença E o rosto que nos diz que já viu muito Permanece ainda fiel aos seus sonhos e mistério. Há harmonia no mundo se quiseres Assim assinou o poeta pintor – com coragem diga-se E um qualquer abstrato olhar pode ser aí caçado No intervalo das suas perseguições à carne.
III Quero atravessar um rio de giz Onde possa esquecer e olhar Como escorrem as letras na natureza Assim já o fazem as pedras do lugar.
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