A Chuva Ainda é o Mar
Data 13/11/2015 11:35:49 | Tópico: Crónicas
| ...Tempos atrás, eu conhecia pouco e ninguém, resolvi navegar e ver os oceanos do mundo. Quando fico triste e ansioso, quando tenho vontade de arrancar o chapéu das pessoas na rua, quando há um novembro úmido e cinzento na minha alma, sei que é hora de ver coisas, de novo. Tome o caminho que quiser... mas vá por aquele que termina na água. Há uma mágica na água que afasta todos os homens da terra. Deixa-os nos morros, descendo para os riachos... e rios, em direção ao mar. O mar! Onde todo homem tem um modo de encontrar a si mesmo...
Fui largado numa porção de terra, onde da minha posição até a água do mar, ondulante e intrépida, conta-se a mesma distância, para onde quer que se olhe. Não importa qual seja o ponto cardeal da rosas dos ventos, e não, não era uma ilha. É algo maior que um continente. Dirão alguns que, se estou na mesma distância em relação aos pontos, então estou num círculo. Talvez seja. Mas isso não importa agora.
Choveu. A chuva que veio não era salgada, não possuía ondas intrépidas, mas eu sei que era o mar. Uma parte dele, talvez. Mas ainda assim, o mar. Como ainda é o sol, quando o vejo refletido numa diminuta gota de chuva numa tarde ensolarada de verão que se vai.
Todas as coisas são uma só. A divisão parece ser aparente, e quanto mais eu percebo isso, mais unas elas se tornam. Dia virá, em que para mim, sol e mar serão a mesma coisa, a despeito do aparente absurdo. A minha percepção tornou o mundo assim, quando a "realidade" atravessa a lente dos meus olhos, e os canais dos meus ouvidos, ela se torna pessoal e subjetiva. Eu não sei o que há lá fora, até os meus sentidos receberem e a minha alma traduzir.
Encontrei a resposta... A realidade é a minha alma, sem ela nada pode ser percebido. O mundo está dentro de mim, e quando eu me for, ele acaba. Talvez, o mito do fim do mundo, que toma todas as culturas de todos os tempos, tenha significado aí. Mas também, há um outro mito: o de que um mundo todo novo nos espera. Indescritível, incognoscível e impalpável. Como a consciência...
Eu sei, que a gota que somos voltará para o mar de onde veio, depois de participar dessa grande tempestade...
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