O MUNDO AGUARDA, NÃO SEI ATÉ QUANDO

Data 21/11/2015 17:44:13 | Tópico: Poemas -> Reflexão

A gente aguarda
Por tanto tempo, por tantas coisas:
Que a bala que mata na favela,
Seja doce e que a criança goste;

A gente aguarda, parado,
Que o crime seja apurado,
O réu condenado
E o homem não seja condenado injustamente.

A gente aguarda aqui,
Que a visão que temos do horizonte,
Sustente a fratura da nossa alma e o frio dos trópicos;
E que a lua que brinca em seu corpo e belisca minha emoção, seja nossa!


A gente aguarda sem entender,
Que os sistemas,
As fórmulas matemáticas,
Que os cientistas,
Os políticos e os padres,
Não tenham errado: é a nossa esperança;

A gente aguarda, enquanto caminha,
Que os loucos enfileirados,
Cortando cabeças amarradas, inocentes
Não sejam medidos com a mesma medida.

Mas que sejam vistos,
Que sejam abraçados com a força e a dor de quem sofre,
De quem perde um pedaço de si, e caminha,

Não importando a estrada, mas caminha,
Sentindo a dor da violência no seu membro perdido, mas caminha
Mesmo que seja de cabeça cortada, mas caminha.

Mesmo que tenha seu coração sangrando na busca da liberdade, na busca de um Sol, na busca do calor de um corpo, mas caminha

Na busca de uma flor que na colina espalha perfume de graça, mas caminha
Mesmo que seja na busca do preço do espaço, do sol, do amor, mas caminha

Homens que não sabem quanto custa um passo livre, um ar puro;
Sem a explosão de uma bomba, sem cheiro de pólvora e corpos despedaçados;
Esses homens devem parar, não devem caminhar.

A gente aguarda, enquanto respira,
Quem na busca da paz fez a guerra e da guerra fez a paz;
A gente pode ainda aguardar mais um pouco, mais um instante, não por muito.
Quantas vezes fomos enganados, nos ensinaram o errado e rezamos juntos.


A gente aguarda, um ao lado do outro,
Tendo uma chuva para molhar alma enquanto dura a noite,
Na certeza que durante o dia o sol há de secar a última gota de chuva,
E na noite seguinte, há de surgir uma lua que iluminará o homem do escuro.

Pensando nos dias hoje, ainda somos seres simples de ontem, que não aceitamos as novas maneiras de escravidão, sequestros, covardias, que afrontam as famílias.




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