Ventos

Data 02/12/2015 21:12:03 | Tópico: Textos

Sinto o cheiro do mar inundar o ambiente e a salgada brisa tocar meus lábios, e ainda sentado em minha poltrona eu pude vislumbrar ao longe a luz que faiscava e morria, me fazendo lembrar o brilho das estrelas…perdido em meus próprios labirintos, fui puxado mais uma vez com a força de mil ventos, sentindo enfim a areia da praia nos meus pés, e então me perguntei o porque.

Andei milhas e milhas no escuro da noite, banhado pela lua de prata que me amparava em seu seio, até escutar o som de minha própria voz a melodiar em uma língua desconhecida a canção que meu coração conhecia muito bem, o som de minha alma em seus dias de dor, dias de lutas e glórias…então me vi mais uma vez completamente entregue, pranteando frente ao espelho imortal da eterna passagem. Então enfim entendi.

A vida é apenas uma faísca que salta da grande fogueira da existência, que brilha e queima poderosa, se debate, e em seu auge, apaga e morre. Não há certezas no grande jogo das irínias, e frente aos emaranhados fios ancestrais assistimos de camarote o grande teatro dos Deuses, onde muitas vezes nossos lamentos são apenas o gozo dos imortais. Não sabemos de onde viemos nem para onde vamos, mas nossas conexões nunca são extintas, e sim ampliadas.

Cortamos os mundos de um lado para o outro e muitas vezes nunca mais voltamos a pisar novamente na terra que outrora nos acolheu, mais os fios que nos ligam nunca se quebram, e os antigos caminhos nunca se perdem. Não importa oque aconteça, no fim, seremos sempre nós mesmos, frutos de uma eterna metamorfose que por mais que se altere, termina seu ciclo da mesma forma como começou…então compreendemos que não há como fugir de nossa própria essência. Seremos sempre amantes do impossível, do inimaginável intocado, do fruto de nossas mentes divertidamente perturbadas.

Às margens do mar da memória mais uma vez eu sentei e chorei, até sentir os ventos me carregarem pra longe, e ser despertado mais uma vez pela luz que faiscava e me lembrava estrelas.

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