
A dívida (ou seria: a dúvida?)
Data 03/12/2015 11:49:29 | Tópico: Prosas Poéticas
|  Havia uma dúvida, de quem seria a dívida? Houve um silêncio sepulcral, só quebrado pelo vento no varal. Cada qual olhava para o chão, como a procurar perdido botão... Alguém preparara um café, e servira com xícaras de porcelana até. O livro caixa estava aberto e cada qual na mesa boquiaberto. Afinal havia uma dívida - já adiantara o contador -, quem cobriria o buraco na herança? Após muitas rodadas de discussão culparam o finado, uma conveniente solução. Levantaram-se todos a um só tempo, o inventariante fechou o livro preto, mas nem todos trajavam luto. Todos se retiraram impacientes, na manhã seguinte retornariam para o desfecho final da história. Após acontecerem terríveis pesadelos, decerto houve sentimentos de remorsos por parte de todos, afinal só se interessaram pelo cidadão quando este jazia morto. No outro dia, a florista não entendia, porque tantas flores comprara aquela família, dias após consumado o enterro. Enquanto isso, os coveiros riam à toa, era de se indagar o porque desse súbito humor à beira da cova? Só o finado poderia explicar a razão deste súbito contentamento, ainda que respeitoso dos coveiros. Mas - acredito - que o finado curtia feliz esta vazão. Mas afinal o que sucedera? Que fato surreal acontecera? O fim da história os leitores querem conhecer logo, calma, pessoal! A dívida era apenas um rombo no bolso do terno, onde o finado colocara promissórias ao alcance dos coveiros para serem liquidadas. E aí, como souberam da trama os coveiros? Acho que a dúvida continua, quais seriam as hipóteses para você ajudar estes desesperados herdeiros? Semanas passaram e os coveiros se tornaram donos de uma funerária, e alguns dos "herdeiros" acabaram indo trabalhar para eles, e conta-se que algum deles resolver ser coveiro, pois passou a desconfiar que alguma coisa acontecia entre os mortos e seus "zeladores" de covas que lhes transformava, de uma hora para outra, em pessoas ricas. AjAraujo, o poeta humanista, escrito em 3 de dezembro de 2015.
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