Suspiram os perenais antes de saírem das sepulturas

Data 03/12/2015 20:34:42 | Tópico: Sonetos

Quando claudicando por charnecas e pântanos excurso
trago nítidas na retina imagens apostas às da água viva,
em rio límpido cujas torrentes d’agua não vejo o curso;
no pântano em mim, vejo a atonia d’água contemplativa.

Expostas emoções estagnadas, as investidas lamacentas
são símbolos da retenção neurótica do todo impulso vital;
sinto dos espectros estremeções, turbações fraudulentas,
habitam elas porões de minha alma acoimada desse mal.

Súbitos conteúdos tão recalcados, são noções maltrapilhas,
recordações erodentes trazem remorsos, graves armadilhas,
que a consciência refuta desejando desvincular das agruras.

Porque na verdade não consigo raciocinar como os perenais,
condicionados a ver raios de estrelas pairando sobre mortais,
final suspiro nos escombros antes de saírem das sepulturas.



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