Para Camões III

Data 22/02/2008 23:45:34 | Tópico: Poemas

Perdem-se alvedrios conquistadores
Ostensos na afoiteza fidalga
Ratinhada ao monarca púbere.

Mecham-se brandões nas caravelas,
Assilham-se bombardas no porão,
Reúnem-se os nautas à proa
Entre demandas de um marrafão
Senhor da albescência das velas

Navega o vento gafeirento
Ustido por plegárias dos curas,
Navegam-se dores de despedida,
Cautelas de viagens futuras,
Amores perdidos no tempo.

Dionísio anestesiante conselheiro
Embalador dos sonhos do marinheiro.

Anfractuoso meato corrido
Nos filamentos de Neptuno,
Traçado a compassos incertos
Enfermo da beleza de Juno
Silenciado no medo sentido.

Norte perdido nos velhos rostos,
Apagado das decrépitas bússolas,
Vertido em báguas de sal
E escrito nas rugas do mar,
Guardador de almas.
Açambarcador da vontade de amar,
Deus insano de voz infernal
Ouvido na dor das pústulas,
Sentido em eternos desgostos.


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