Dona das Letras

Data 23/12/2015 02:13:56 | Tópico: Prosas Poéticas

Dona das Letras
by Betha M. costa

Minha escrita não é semeadora de flores pelos verdes caminhos. Nem coletora ou pintora de astros no universo das palavras. É cacto que brota aqui ou ali, em terra árida e quente, ao acaso, de mãos preguiçosas, sem precisar de muita água para existir.

Domo os vocábulos para compor um quadro ou quebra-cabeças que diga de mim. Que deixe assinalada para a posteridade, parte dessa existência insípida, inodora, incolor, silenciosa e cega aos olhos, a transbordar de imaginação.

Escrevo como quem arranha as unhas vermelho desvario sobre uma superfície, em que a aspereza causada pelos ruídos, clama como as almas do meu purgatório interior, por alguns segundos no éter para que explodam e fluidas me espalhem no Cosmos.

Não pretendo com as letras redimir-me das dores, amores e mundos de ideias e sensações. Quero queimá-las ou gelá-las, e, através delas excomungar demônios, acercar-me das hostes celestes. Sobre eles exercer adoração, temor e obediência.



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