
Serpente
Data 14/01/2016 14:46:42 | Tópico: Poemas
| Há uma serpente Que de mim sai, Espada, samurai. Irrompe-me todos os poros Insinua-se entre Minhas pernas Quando gozo Ou mesmo Quando Me chupas, Penitente, Criminosa, De joelhos Como se rezasses Um padre-nosso.
Há uma serpente Saindo De minhas entranhas, Que voraz Me abocanha Por noites inteiras E que me faz, Como um doidivanas, Te pegar por trás, Ouvir, Como se fossem Hinos, cânticos E hosanas, Os teus gritos E vagidos, Enquanto me lanhas Nessa louca campanha.
Há sempre Uma serpente Em mim, Porque estou A ponto De dar um troço, De te morder E devorar-te, De te matar E dominar-te, Dando tudo Tudo o que posso, Só para ver-te Abocanhar-me o pomo E depois Nele sentar-te Como num trono.
(Rainha ou vadia? O que importa? És mulher! És minha!)
Há uma serpente Que se nos entranha Inclemente, Que nos leva sempre Ao mais íntimo De nossos corpos E mentes, Que se nos enrodilha No peito, na cama Ou na virilha, Tornando nosso dia Uma trama De saliva, Suor e orgias;
Uma busca Incessante Na lua ou no boquete, No rabo ou no diabo, Na santa ou na bacante, Pelo pedaço, fatia Que enfim nos complete E celebre Este fugaz instante.
|
|