
Areia de ampulheta da história
Data 19/01/2016 00:54:11 | Tópico: Poemas -> Dedicatória
|  Enquanto os cabelos vão embranquecendo, rareando e desnudando a nossa fronte.
À nossa frente, os olhos ainda vivos, com ou sem catarata, mirando o horizonte,
apreciando as imagens registradas na memória, instantâneos de tantas passagens marcantes
ao longo dos anos, doloridas ou coloridas, mas, sobretudo, vividas e vívidas no pensamento,
emoções da redescoberta anos mais tarde lembradas feliz reencontro de amigos que o despertar da vida
neste espaço “Castelinho” nos proporcionou rever, Assim seguirão retidas em arquivos preciosos, de nossas memórias, testemunhos, histórias, que por aqui passamos e aqui muito curtimos
brincadeiras, magias, encantos de crianças - Que fomos um dia, tão travessas...
Mas, que ainda somos, - No espírito juvenil -, Das primeiras paixões, aos namoros na escola,
decepções, alegrias, fruto de experiências secretas ou abertas, afinal foram tantas,
que nem te conto, nem me ousas contar, talvez algumas fluam, como gotas de orvalho
do sereno de inverno nas sensíveis dormideiras que cobriam como tapete o caminho do valão
Assim é a vida! Doce ou Amarga, Antes febril, juvenil Agora só calmaria...
Pois, penso que seja melhor que essa areia D’ampulheta do tempo não corra assim tão célere,
como nesses tempos e que possamos tocá-la, como após aquelas chuvas de verão, cheiro de terra,
lembram-se do saibro ficava fino colorido lavado no caminho do bairro Querosene,
na curva próxima ao colégio Castelinho, era como tocar uma duna, sem ter praia, só fantasia
Para que nós, personagens desta saudosa história, sigamos resgatando doces momentos de outrora,
abrindo as gavetas do tempo e encontrando velhos álbuns de retratos em preto e branco,
reencontrando em viagem ao tempo da infância com nós próprios, amigos, e nossos entes queridos,
muitos que já tomaram o vagão do trem infinito rumando para a próxima estação espiritual.
E assim, em analogia com quadro de Van Gogh, possamos ver a chegada de nossos pais, da fábrica,
trazendo-nos guloseimas para compensar o tempo e demonstrar o quanto nos amavam...
O amor é doce, pueril, como a abelha silvestre que beija a flor estival que lhe oferece o néctar.
Enfim, de improviso, deixo uma mensagem para mais um dia renascer de expectativas
e de ternas esperanças por um mundo melhor, onde quer que estejamos nas cidades terrenas
ou nas moradas celestiais Santanésia será sempre um ponto de encontro dos antigos moradores
Aqui ou Acolá, pois em nossa pequena e acolhedora cidade, aprendemos que:
o caminhante só tem a direção certa de onde quer ir e onde precisa chegar
Se a caminhada se faz na trilha deixada por aqueles que antes desbravaram
e abriram os portais - Nossas velhas porteiras – para o verdadeiro sentido da existência humana.
Viver é servir, mais do que "servir-se" Amar é doar-se, mais do que "entregar-se".
Que este seja mais um dia abençoado que a ampulheta do tempo vá bem devagarzinho,
na passada ritmada do trenzinho caipira, do mestre Villa-Lobos, na cidade do interior,
nos caminhos de pedra - Velho paralelepípedo - e saibro, de bicicleta charrete ou, a cavalo,
se porventura ainda houver alguma pressa. Mas, que chegue bem hora de bater o cartão
no relógio de ponto, quando a sirene da fábrica de papel tocar, e a cidade toda despertar,
Ou com apito do guarda Ao chegar o trem barrinha Na antiga estação de Santana de Barra...,
Porque lá estarão e nos receberão todos que fizeram nossas vidas ter um sentido todo especial.
AjAraújo, poeta humanista, para os íntimos, simplesmente Tetinho, escrito com carinho para todos os amigos e amigas de minha terra natal querida - Santanésia, em 18-Jan-2012.
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