ÉCFRASE

Data 26/01/2016 13:17:03 | Tópico: Sonetos

ÉCFRASE

Era um silvo agudo entre alguma fresta,
Que se ouvia do vento pela casa
E ainda o gotejar que aos canos vaza
Entremeando a modorra vã da sesta.

Enquanto dormitava, suava a testa.
Como os olhos ardessem quase em brasa,
Tinha do pernilongo um zunir d'asa
Varejando-me em roda a fazer festa.

Morna, a tarde me pesa os membros
Ao passo que o mormaço dos dezembros
Parecia enlanguescer-me o corpo todo.

Mas sonhava d'amor assim violento
Que ao quadro que a vós-outros apresento
Por nenhum desconforto me incomodo.

Betim - 25 01 2016



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