Passagem Efémera

Data 25/02/2008 00:31:48 | Tópico: Poemas

Dobram-se as noites enevoadas,
Carregadas de história,
Melancolia de um olhar vagueante,
Fixo no horizonte que não se vê.
Imaginar cores nas estrelas escondidas,
Lições que se perdem na memória.
Palavra lúcida e penetrante
A desvendar o passado que lê.

Abrem-se as mãos em pedidos,
Joelhos nus prostrados no chão
Lavados com lágrimas de indiferença,
Com hipocrisia de alta sociedade.
Olhos que se sentem ofendidos...
Ofendidos por olhar o rosto irmão
Sem sentir o peso da sentença
De um dia viver tal verdade.

Dedos que afundam nos restos do lixo,
Que saciam a vontade de alguns,
Dos que sabem o que é ter fome,
Dos que dormem sem saber dormir.
Morre o pobre honesto que é bicho,
Morrem os vulgares Homens comuns,
Definha a criança que não come
Vivem apenas os que tardam em ir.

Vã glória esta de sonhar,
Fraco o vento que foge à tristeza
Que não a leva longe para esquecer,
Parca chuva que não lava o medo.
Escrevo estas palavras para lembrar
Que há, para lá de tanta beleza,
Alguém que um dia pediu para as ler,
Mas não leu... por morrer tão cedo.


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