Fumos vermelhos

Data 25/02/2008 00:37:03 | Tópico: Poemas -> Surrealistas

Meninos de coiro pintam a Sé de vermelho.
Um cão de três pernas tenta a custo mijar nas fundações da fé e alguém pensa que deus tudo sabe.
O pastor passa alcoolizado e o rebanho mais feliz que nunca.
Um borrego distraidamente roça-se na tinta fresca.
A diferença acorda as massas e em breve o ensopado está feito.

Os troncos queimados por mãos cuidadosas aquecem os rastos de quem na vida é lesma.
Folhas brancas preenchem momentos vazios. Juntam-se palavras que se jogam ao vento na esperaça de orelha nenhuma.
O fogo arde indiferente e as cinzas cobrem as cãs de luto.
Os pássaros alheios ao posto cagam no ombro do ancião e os meninos vermelhos sorriem pela calada.

A parada move-se em elipse e tudo parece mais perto. Sentidos indivisiveis tornam-se claros a muitos e o véu rasga-se uma vez mais.
O borrego na cruz a todos perdoa e um sorriso beatífico assola as instituições.
Pagam-se os rituais com aquilo que cada um tem e a vida escorre melhor que nunca.


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