
UM DIA
Data 25/02/2008 01:10:56 | Tópico: Poemas -> Reflexão
| O movimento era intenso. O sinal luminoso multicoloria-se Sem contemplação com os retardatários. Os grandes e pequenos magazines Começavam a se oferecer. Mas, há um corpo estendido no asfalto!
A esmola era ora negada, Ora não. A galinha assada começava a girar No espeto do restaurante. O olhar faminto Acompanhava as evoluções Da galinha no espeto. Mas, há um corpo estendido no asfalto!
As buzinas zangavam, Chiavam, chamavam... Ganhava carona A morena de quadril vistoso. O mendigo pedia, O homem fazia que não via. Mas, há um corpo estendido no asfalto!
O trocador trocava A vida pelo troco. Dera meio-dia, Comia quem podia. O barulho do trabalho parava, A boca falava, A comida Se havia, Sumia, Na boca que falava. Mas há um corpo estendido no asfalto!
O homem digere a comida, A britadeira, O desprezo... O alto falante ensurdecia, Mas, vendia. O sol sumia, Ninguém via. Mas, há um corpo estendido no asfalto!
O néon nascia. O mercado do sexo se permitia. O mendigo reclamou Do homem que não viu e dormiu. Mas, há um corpo estendido no asfalto!
Gritos no escuro calmo Da cidade engalanada. Passos fazem compasso Com muitos temores. A mulher vendia só sexo Para o homem só sexo. Mas, há um corpo estendido no asfalto!
A lua e as estrelas, Que as luzes escondiam, Supunha-se, Já há muito estavam ali. As imagens em preto e branco Trazem o sono do corpo cansado Que sonha colorido. Os garis passavam varrendo e cantando. Havia um corpo estendido no asfalto.
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