Recanto de mim

Data 16/02/2016 17:26:36 | Tópico: Poemas -> Introspecção

Num breve instante do tempo

faço meu apelo à vida

reclamando aos tentáculos

da madrugada que me devolvam

o perfume decantado na eira

dos teus sonhos onde quase me esfacelo

regalando-me inteiro num acto concludente

de amor que sem rodeios interpelo


- Inundamos o corpo fervendo

de desejos

com ondas marejadas de ternura

rasando

o leito onde pernoitamos sequiosos

pelos teus adoçicados e apetitosos gracejos


- Faz-te ao recanto de mim

conchega-te entre a minha solidão

clamando na intempérie dos ventos

até que cada pingo de chuva adormeça

na escravidão afoita dos tempos

Abre-me todos os incansáveis caminhos

memorizando as pedras da calçada

onde atapetamos o silêncio

andando no pronúncio do mesmo destino


- Ontem acordei abraçado aos beirais

do teu sorriso

sentindo o desenlaçar quieto dos

beijos onde deslizo meu tacto

consumindo-te a preceito

Agarrando-me à tua pele

tatuando este poema

breve e passageiro


- Desalinhámos o dia

abrindo as cortinas à noite que foge

temperando o noivado da lua

em gomos de luz indelével e vadia

Sintonizámos todos os momentos

da nossa existência

inspirando cada trago de poesia

acantonada à tua essência

caiando meu poema esquecido

entre as peripécias coloridas

de um rabisco errante fenecendo

pelas margens desta tórrida

alegria

desembocando entre

a vagueza de um súbtil lamento

e a nossa cumplicidade

tacitamente comprometida

FC



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=305757