
Mensagem no amanhecer
Data 11/03/2016 11:57:19 | Tópico: Poemas
| Meio à aragem, na voz frágil chega agora, uma canção como aquelas de outrora, quando do céu descias ante meu olhar desperto, como gaivota pairando na brisa, afastando-te da praia para mar aberto. Ouço as próprias palavras soando tão longe, não encontrando respaldo em ouvidos afáveis. Querem elas encontrar abrigo benévolo, como a exaltar o sentimento que tentam levar escalando paredes nuas da indiferença, perdendo-se em escuros covis, deixando-me a avizinhar da tristeza, sem saber dizer o que sinto quando foges de mim, só uma parcela da luz desse teu verde olhar, a aura de teu corpo e essa imagem que tanto amei.
Uma canção como aquelas de outrora, pois foste a âncora, o porto seguro onde fundeada, a nau das minhas desventuras tudo se anuviava, sem ter que chorar a tristeza de ver estrelas escondidas, nem saber por quanto tempo esta noite escura iria perdurar.
Meio à aragem, na voz frágil que chega agora, então venhas e dize-me que posso gritar ao infinito, trazer de volta as gaivotas ao redor do mastro do veleiro, e do alto olhar e ver-te voltando para mim, sem perguntas, sem explicações nem questionamentos, apenas outra vez entrando em minha vida, meio à aragem, na voz frágil chega agora.
Rogo que o amanhecer me envie como mensagem, borboletas voando sobre o jardim repleto de flores, e a imagem de teu rosto sorrindo outra vez, afastando o rigor da noite fria com tua presença, minha linda, eternamente, para sempre, e mais um pouco ainda além, inesquecível ausência em meu triste viver, meio à aragem, na voz frágil quando chega agora, numa canção alegre, como aquelas de outrora.
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