ICONOCLASTIAS

Data 24/03/2016 16:28:59 | Tópico: Sonetos

ICONOCLASTIAS

E lá íamos nós, se bem me lembro,
Quebrar os nossos ídolos de argila:
Ex-votos d'Amor cujo ouro cintila
Alhures n'outro efêmero dezembro.

E a estatueta de Vênus que desmembro,
Estúpida se mostra ora à pupila.
Quer álcool; quer veneno, ódio destila,
Fazendo do neófito um ex-membro...

Mas seu grito quebrou o meu silêncio
Tal-e-qual uma pedra a uma vidraça!
Mas eu – em cada caco que espedaça --

Fui, senão inocente, um Inocêncio...
Tão leviano vacilo em vil lascívia,
Em vão tentando arder-lhe a pele nívia.

Contagem - 21 10 2011


Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=307055