
CARTA AO IRMÃO DISTANTE
Data 22/03/2016 21:25:04 | Tópico: Poemas
| (Trecho inicial)
"Meu irmão, Meu querido irmão, Bom dia! Que o raiar do dia Brilhe em seu rosto E brilhe em sua vida! Que os seus dias Sejam ricos De alegria. Meu amado E querido Irmão, Estamos vivos! Tenho de lhe dizer: Estamos vivos! Você Não está Sozinho! Você está No meu coração E na minha alma. Você está Dentro de mim E no reflexo da água. Você é parte de mim E eu sou parte De você! Nós somos um Dentre Todos os outros. Nós não Estamos Sozinhos. Que o dia Testemunhe Nosso nascimento! Que a aurora Perceba A nossa existência! Que os campos Recebam Os nossos passos! Que o mundo Aceite A nossa presença! Meu irmão, Meu querido E amado Irmão, Há tempos Tento lhe falar Uma coisa: Eu estou aqui! Me escute: Eu estou aqui! Você Não está Sozinho! Eu preciso Desesperadamente De você. Eu preciso Desesperadamente Saber de você. Eu preciso Desesperadamente Estar com você! Meu irmão, Meu querido E amado irmão, A minha tenda Está aberta A você Caso queira Se esconder Dessa noite fria. A minha tenda Está aberta A você Caso queira Enganar A fúria dos lobos. Meu coração Está ligado Ao seu. Meu sangue É vermelho Assim como o seu. Não há tempo Que apague Isso. Nem a própria vida Pode apagar Isso. Meu irmão, Quem será você Nessa multidão? Abraçará a verdade Ou fará parte Da ilusão? Meu irmão, Meu querido E amado irmão, Percebe A escuridão Que se aproxima? Percebe O mal Que agora cresce? Escuta o som Do trovão Ao longe! Escuta o som Das trombetas Ao longe! Escuta O bater de asas Dos gafanhotos! Escuta Os gritos da turba Furiosa! A multidão Que nos persegue Insistentes Têm fome De sangue Entre os dentes. Todos querem Um pedaço De nós. Todos desejam Uma libra De nossa carne. Eles vêm Durante A noite. Eles vêm Durante O dia. Eles Nunca Dormem. Eles Nunca Desistem. Eu vejo somente Ódio Em seus olhos. Eu vejo somente Rebeldia Em seus olhos. Eles nascem Dos murmúrios E contendas. Eles são frutos Da raiva E da hipocrisia. Eles veneram Ídolos De mármore. Ídolos de ouro, Prata E bronze. Eles Clamam Um pedaço De nossa terra. Eles Exigem Até mesmo o suor De nossa testa. Não há alimento Nesta terra Que sustente, Pois, sua Fome É desmedida. Não há cobertor Nesta terra Que aqueça, Pois, seu coração É o frio do inverno Mais extremo. Não há justiça Nesta terra Que satisfaça, Pois, esperam Que o mal maior Sempre prevaleça. Não há razão Pra que nada disso Aconteça E, ainda assim, Tudo Acontece! Quem Pôs nossos irmãos Contra nós? Quem Nos pôs contra Nossos próprios irmãos? Quem nessa Terra, Realmente, Somos nós? Quem nessa Terra, Realmente, São eles? Quem sabe De que lado estamos Do espelho? Todo esse ódio Não nasce sozinho Nas dunas. Toda essa raiva Não cresce sozinha Na areia. Então, quem nos odeia tanto Querido e amado Irmão? Quem, há tempos, Tem nos jogado Um contra o outro? Meu irmão, Meu querido E amado irmão, Alguém, há tempos, Rouba Todo o nosso gado. Alguém, há tempos Contamina Toda a nossa água. Alguém, há tempos, Assalta Os nossos sonhos. Alguém, há tempos, Queima Tudo o que nos resta. Mas, quem nos odeia Há tanto tempo, Amado irmão? ..."
|
|