REALIDADE INCÔMODA

Data 27/03/2016 23:27:26 | Tópico: Artigos





Uma das estratégias das campanhas políticas é cuidar dos principais problemas que afligem a população. E a segurança surge como um dos três primeiros, em qualquer pesquisa realizada. Nesse sentido, qualquer um a quem interessasse pesquisar a escalada da violência nas grandes cidades, teria obrigatoriamente que incluir a parcela de responsabilidade do poder público.

Estão resolvidos a combater a violência e a criminalidade, principalmente na capital, mas não é segredo que a população ressente-se da falta de uma atividade policial como no passado e que atualmente tem as mãos atadas. Nada deixam os policiais fazerem, pois se dependesse dos teóricos que nutrem a retórica das atuais elites, sequer seriam revistados veículos e pessoas. Também jamais faltam os críticos, atentos e sequiosos por uma oportunidade de fazer com que acontecimentos isolados generalizem-se e transponham limites.

São momentos atípicos que estamos vivendo e muitos não acreditam que perdurem às próximas eleições. Armas, viaturas e munições estão sendo distribuídas. Será a reposta aos reclamos da sociedade como um todo clamando através de grupos organizados que defendem mais segurança para os cidadãos? Será capitalização da questão e que fatalmente irá render seus dividendos políticos? E as aspirações dos policiais? Foram levados em consideração.

A par desses, é necessário que os investimentos sejam contínuos e também carreados para a infraestrutura necessária - e o que é o mais importante - no menor prazo e da forma mais equitativa possível, pois quando se discute a atuação do poder público o ponto de destaque é o retorno político dos investimentos. Carrear os recursos necessários para a segurança não deve ser visto como um óbolo e sim como um dever do Estado.

Mas, se é necessário reconhecer que alguma coisa vem sendo feita, diante do potencial do Estado mais rico da federação e da situação instalada, ainda há muito que se fazer e sem a adoção de uma política séria que coordene as ações nesse sentido, deixará sempre a desejar. A realidade incômoda é que inexiste tanto uma política salarial para as policias quanto uma eficaz política de segurança pública no Estado de São Paulo.

Cala fundo essa dura realidade. Objetivos são delimitados, mas alcançar esses objetivos tornou-se o ponto fundamental da questão.

É necessário um combate direto e efetivo à deterioração dos serviços e à estagnação institucional em que estamos mergulhados. Já é tempo de dar à criminalidade um combate tenaz e isso só será possível se às forças da polícia aliarem-se as demais forças de nossa sociedade e mesmo que todas não façam parte da mesma equipe, ao menos estejam voltadas para o mesmo fim.

Será realmente necessário que toda vez que ocorra uma ação que cause comoção pública, que repercuta na sociedade cada vez mais globalizada, corresponda uma reação açodada, em sentido contrário, mas de maior intensidade?

Um após outro, vieram duros reveses, quer na forma institucional quer na propaganda negativa patrocinada pelos meios de comunicação à serviço de grupos que desejam a total desestabilização do serviço público e já elegeram a iniciativa privada como bálsamo milagroso para sanar todos os males.

Porque não adotar uma política de segurança e corrigir deslizes antes que aconteçam? E assim, aparar as arestas antes que possam ferir.
Continua-se, porém consagrando a atuação de grupos de vigilância internacionais, que sem outra ocupação tem as suas atenções voltadas para as ações internas dos países emergentes. Efeitos da globalização ou incapacidade política dos governos locais em resolver seus próprios problemas sem satisfazer a comunidade internacional?

O que se verifica com os reflexos da globalização nas economias de diversos países é apenas um exemplo dos efeitos que causam a dissonância entre uma rápida evolução tecnológica e mudança de valores não acompanhados por uma atualização institucional e adoção de políticas específicas. Pior ainda quando somados, atos açodados, quase irresponsáveis vem responder a grita geral, às bandeiras globalizadas e resultam em terríveis e irreparáveis desacertos.

Artigo publicados em jornais da região de Piracicaba e no livro " Artigos sem Etiqueta" - Clube de Autores - 2016




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