
desconjução
Data 03/04/2016 14:01:00 | Tópico: Prosas Poéticas
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Não!
Não é culpa da chuva, em diálogo com o vento, que despertou o desejo de acabanar-me. corro dos cômodos do nobre palacete, para enveredar no alto matagal crescido no âmago que projetou-me pensar
na decoração, o amor arquitetado às paredes, faliram tintas. ranhuras, apenas, insistem em silêncio.
na sala da memória não me atrai a hospitalidade da mobília e, do quarto, a púrpura sedução anoiteceu-me... acompanha-me sempre o vulto da insônia; oníricos momentos talvez saltaram a janela na calada da noite... a decepção não deveria ter se agarrado nas cortinas, porque não louvo expectativas... no entanto, costumes dão alimento direto na boca dos dias e até a cozinha deixa de ter sabor; o fastio alcança até a varanda, mesmo que ela se envolva em cheiros de primavera.
desabitar do recanto disposto à lembranças, exige a hora.
partirei pro interior e amarei o que de real, em mim, germinou e que abandonei sem podas, porque preferi cuidar do campo alheio.
um dia, é certo, escapará meu olhar para a paisagem de fora ... q' ele aviste um terreno baldio pra que eu venha a recomeçar com minhas próprias sementes...
sem demora
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